Você percebe que é carioca quando baixou de 20º e você já acha gelado demais para sair de casa sem o casaquinho. A relação entre Rio de Janeiro e o tempo frio não da certo por conta da praia, dos pontos turísticos, muito mais atrativos com aquele sol de 40º, e também por conta do calor humano tão característico desse povo que gosta tanto de um solzinho.
Na primavera, as gatas estão na academia em busca daquele corpão pra exibir nas praias durante, enquanto os caras encaram séries de exercícios que só de pensar já me deixa cansado. As flores são um atrativo a mais para se visitar o jardim botânico, um lugar que todo carioca deveria ir nessa estação do ano.
Viagens, férias programadas, passeios, ENFIM chegou o verão. Não há tempo ruim do Leme ao Pontal entre as 8 e as 17 horas. O orgulho do corpo sarado, a água na temperatura certa pro mergulho, os surfistas com seus cabelos parafinados, lá no calçadão eu vejo um carinha de Long board ultrapassando a mulata de bicicleta. Quando o dia acaba e dá lugar a lua, linda lua carioca que tem um brilho todo especial vista de qualquer canto da cidade, as mulheres cariocas vão exibir as marcas de bikine pela cidade, ora na lapa, ora em qualquer casa de show onde esteja rolando um bom pagode. Entre essas atividades, o sono e o trabalho, porque se fazem necessarios apesar de tudo. o ritmo é basicamente esse durante toda a estação.
Daí vem o outono. E as folhas caindo, aquele climinha gostoso, a visão que lá fora está tudo passando mais lentamente te faz ver que a vida não é esse verão o ano todo. É complicado cair nessa realidade, tão dolorosa que ela é. E você sente até uma pontada de inveja, enquanto olha pra arvore plantada trocando suas folhas enquanto o inverno nao chega pra reiniciar o ciclo.
A arvore. Ela esta lá desde que voce nasceu. Ela vai estar la ano que vem. Ela vai estar la enquanto voce existir, acompanhando cada dia e noite carioca. E é por isso afinal que voce esta com inveja. Ser carioca é quase perfeito. Só não é perfeito por nao ser eterno, ou durar tanto quanto as arvores.
Arthur R. Figueiredo.
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